quinta-feira, 30 de junho de 2011

um minuto

Um dia, sem razão, você se joga na cama de uma maneira que nem chega a sentir impacto e pensa, pensa em nada. O que te falta? O que é esse vazio? Mesmo quando tudo parece estar caminhando certo, o coração desengrena e ainda por cima pede respostas do que são sabe sequer como se pergunta. Você, naquela cama, parece paralisar junto com os pensamentos. Horas pensando no mesmo nada parecem não passar de poucos minutos. O dia foi cansado e não houve grande novidade, você nem quer lembrar isso. Sua cabeça dá voltas pra só parar no mesmo lugar, no vazio. O vazio sem porquê? Não. Você até suspeita do motivo, ou melhor, do desmotivo. Mas sua cabeça ta muito ocupada com nada.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

A flor que não agradava o jarro.


  Naquela noite eu não tinha cabeça. Um corpo com um enfeite em vez de cabeça: era eu.  Sorria e me enganava. Sim, sorrir era um engano ali. Eu sorria para agradar e achava que isso podia me ser um agrado também. Sorria, sorriam de volta... Mas eu nem tinha cabeça, nem tinha mente! Ali não se importavam se eu era um enfeite, compondo o espaço, ou se eu era um pensante como eles que além de sorrir sabia falar.
  Todos conversavam, todos se adoravam e todos me viam como um daqueles jarros de flores. Flores são bonitas, jarros as vezes também são. Mas naquele lugar eles, assim como eu, estavam ali, apenas estavam. Jarros de flores não interagem, ficam parados esperando as flores fazerem o papel delas. Eu estava ali como um deles, aguardando a conversadeira acabar e cansada de observar e sorrir, que era o papel do enfeite em cima do meu corpo. 
  Eu sempre estive cansada de me enganar e não sabia, até por que eu não tinha cabeça, não havia como pensar nisso! Aquela sala, aquela mesa, aquela felicidade; eu não fazia parte de nada aquilo e nem tinha como me encontrar. Muitos dali nem me notavam, e os que notavam pareciam saber que eu não tinha cabeça. E por que eu não tinha cabeça? Ora! Ela era o lugar do enfeite que servia pra sorrir, lembra?
  Jarros não têm cabeças, a flor fica no lugar. Porém, a flor não é do jarro, nunca foi. Do mesmo modo, aquele enfeite não era meu. Eu sorria para agradar aos outros, aqueles poucos que me viam. Eu sorria para achar que podia agradar. Não era o meu sorriso! E nem minha cabeça estava ali.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

do que a boca fala.

Três segundos depois da fala, o coração estremece e avisa o peso pra consciência. É bem assim; estados de nervos, palavras falhas. Ou não-falhas. Essas palavras meio que são certeiras ao atingir seu alvo. Um alvo que não era de ser, não daquela forma. O coração não concorda com as palavras e faz pesar, faz pesar demais! Não dá pra entender o porquê de cuspir palavra que não é nossa, o que se sabe é que acontece quando algo de fora provoca lá dentro e entra desacordo com os quereres, ou até com a própria essência. Parece que esse jeito, que a fúria desperta, quebra a conexão que existe do peito com a boca. O peito não quer, a boca o desaponta! Ainda pior é o depois: o gosto amargo junto ao peso. O coração cumpre com seu responsável encargo de não deixar a consciência em paz. O que fazer? Voltar atrás? Agoniza ter exposto algo que não é de si, que não se quer pra si. Nem pro outro.