sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Um pouco de otimismo por mais fé.


"Abençoadas sejam as surpresas risonhas pelo caminho"
(Caio Fernando Abreu)

  Já tive dúvidas se essa coisa toda de Ano Novo é frustrante ou mágica. Me parece mesmo que é ilusória, já que acredito que ilusão pode tomar forma boa e/ou ruim. Queira ou não queira, todo mundo acaba mecanizando dezenas de planos para o próximo ano, se firmando na novidade de mudança que o reveillon figura. E acontece até sem querer mesmo, quando a gente repara estamos lá outra vez pensando numa coisa pra fazer.
  Neste momento não estou arquitetando nada, só espero por melhores surpresas pra que eu possa descansar sem ter que me cobrar mais tarde. Mas ainda assim não deixo de desejar alguma coisa, viu só? É bem assim. E é aí que mora o perigo da decepção, de pôr a culpa no pobre do ano e de fazer tudo outra vez ao final de dezembro. Já não vivo mais disso.
  Reveillon podia ser todas as vezes que se quer transformar, porque algumas pessoas deixam tudo pro ano que vem quando acham que estão indo mal e acabam vivendo só de promessas. Ainda bem  pra elas que todo fim de ano termina com um suspiro de “como passou rápido”, daí aparenta mais fácil recomeçar. E mesmo assim, bem que eu não queria relógios pra começos e fins...
  Mas sabe, mesmo que seja por causa da data, é tão bonito olhando pelo lado de que é no fim do ano que as pessoas se sentem mais acreditadas ou ao menos tentam estabelecer melhorias. É que quando pensamos no que queremos de bom, no que pretendemos mudar e melhorar, nós nos damos conta do que não deu certo e o que foi feito (ou não foi feito) pra isso. De alguma forma, lá dentro, cada um reconhece seus pecados, mesmo que não admita nem pra si.
  Fim de ano é uma escola! Por menor que seja a aprendizagem ela serve de alicerce pra outras novas, não tenhamos dúvidas disso. E que não seja frustrante nem enfeitado demais, mas que seja uma boa ilusão. Ilusões são ilusões porque estão dentro da gente. Só que quando dentro é casto e verdadeiro, fora passa a ser do mesmo jeito porque tudo se transforma quando a gente se acredita, se muda. Vamos aprendendo!
  Então, aproveitando a intensidade da data, que façamos vários reveillons num ano e que abençoadas sejam as surpresas risonhas em todo nosso caminho. É meu desejo de ano novo :)

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Todos Estão Surdos


                                      (Pato Fú)

Outro dia, um cabeludo falou:
"Não importam os motivos da guerra
A paz ainda é mais importante."
Esta frase vive nos cabelos encaracolados
Das cucas maravilhosas
Mas se perdeu no labirinto
Dos pensamentos poluídos pela falta de amor.
Muita gente não ouviu porque não quis ouvir
Eles estão surdos!

(Todos estão surdos - Roberto Carlos)

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

[Sob]sobre o que não quero.

  Eu reclamo da vida, acordo de mau humor, falo demais as vezes e sinto nervos a flor da pele. Quem também não? Tão comum. Acho surreal e talvez até bonito quem tem um equilíbrio pleno pra qualquer situação, sabe lidar com adversidades com a melhor paciência e está sempre bem. Acho triste, feio, deprimente, aquele passa o dia resmungando, encontrando defeito na mais mínima das coisas e que, pior ainda, acha que tudo de errado que acontece consigo é uma injustiça tremenda.
  Chamo de egoísmo, pessoas egoístas. Tá aí uma das coisas que mais repugno, são as pessoas “umbigo do mundo”. E não há quem me faça compreender esse pensamento tosco que elas têm em querer mudar tudo em prol de si, como se cada acontecimento, cada suspiro, fosse voltado pra sua ordem, e como não é possível que seja sempre como seus maravilhosos gostos, claro, elas reclamam, reclamam, agridem, reclamam... Convivo de perto com exemplos desses e, sério, tenho vontade de explodir todas as vezes e discursar um milhão de verdades, só que aí me aproximo mais dos equilibristas, na corda bem bamba, mas equilibrista.
  Assistir a esses espetáculos serve demais pra mim. Por eu ter acompanhado de perto desde mais nova com um bom tipo (e outros mais) desses, acabei tomando isso como algo que não quero ser, que não quero pra mim. Quando eu me vejo ranzinza por um segundo já lembro logo do exemplo a não ser seguido. Acredito que isso sirva até como amadurecimento. É que quando a gente conhece o outro lado e sabe discernir como negativo, a gente passa a aprender com isso, ou seja, entendemos onde estamos pisando e qual efeito isso pode causar não só nos outros como em nós mesmos.
  Eu funciono assim, no momento em que vejo que estou extrapolando penso logo “Epa! Controle, Tamara. Tá errado desse jeito”. Engolir a seco certas atitudes mundanas e desdobrar-se pra lidar da melhor maneira com elas, faz parte de um bom convívio consigo. Já fui bastante nervosinha, acho que por contágio do meio, e quando vejo o quanto aprendi e mudei fico até aliviada, e feliz. E é bom também ver o que pode ser mudado, ainda tá cedo pra ponto final, aliás, quero estar longe de pontos finais.
  Então, mudando, controlando e revendo conceitos, é meu caminhar, apesar da boa tendência que tenho de me isolar jogando tudo pro ar. Por essas e outras é que tenho mesmo que mentalizar alguns mantras de autocontrole, é certo que eu passe por pequenas implosões e choques elétricos, até porque me enquadro no perfil humano comum, se é que ele existe. Rs.
  Ah, outra coisa! Acredito ainda que toda essa troca da vida tá bem ligada àquela leizinha da ação e retorno, como até já falei aqui no blog sobre. Continua valendo: Semente, fruto e colheita. Ingenuidade ou não, é o que faz mais sentido em meio a esse vasto campo de [in]entendimento dessas forças vitais. Não faz? Mas ainda assim, cada qual com seu próprio pensamento, afinal, são tantas cabeças pensantes... Enquanto eu puder conhecer o errado e o certo e souber diferenciar, vou eu mesma errando, acertando e errando outra vez, pra poder aprender. E que eu fique livre (muito livre) de me igualar a uma mal agradecida e centro do universo.
  Queria lembrar aos outros aquilo que volta e meia lembro a mim, é sobre antes de se questionar o porquê das coisas estarem fora de controle procurar olhar pra si, ver se o problema não está no que faz, em como pensa. Que não pareça ser palavrinhas de autoajuda (acho tão chatinhas), é que tô realmente falando como falo a mim mesma, mesmo que eu tenha um bom desvio de conselheira nas horas vagas. Só quero destacar o que qualquer um deve (ou deveria) saber, é que nada melhora se você não se melhora.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Mundo em mim

"Eu que tanto era preso a tudo que pareceria belo
Aos olhos de quem me quer bem
Vivia assim, perdido em coisas fúteis
Tão normal

Ainda sei, posso chegar em casa e observar
Flores, regar as cores
Eu, sozinho em mim

Sei que cada detalhe que sentir
Em que sentido, é só buscar assim
Ao que não vi
É meu, põe só um teto azul
Não basta com o céu
Eu vou sair daqui
Pela janela e o mundo costurado em mim"

[Trapos, Remendos e Azul - Velhos e Usados]


"Faz de conta que tudo que ela tinha não era de faz de conta."
[Clarice Lispector]

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Nem isso, nem aquilo.

Não sem bem dizer se me sinto acreditada ou não. To encalhada num misto de emoções, de sentimentos, de escolhas, de tudo! É difícil poder definir qualquer troço nessa hora, e acho que acabo de descobrir que não gosto muito de indefinições. Na verdade, é permanentemente díficil, pra mim, definir muita coisa em geral, e eu realmente não tenho suportado isso. Não falo em relação a querer definir coisas da alma, aquelas que são bonitinhas porque apenas podem ser sentidas, isso não! Me refiro a essa agonia que me dá de não poder controlar minhas energias, estar super calma agora e cinco minutos depois querer gritar, gritar muito! É evidente que essas sensações têm algo relacionado, nesse caso, a minha tensão é ves ti bu lar, essa palavrinha que vai dar rumo a meio mundo de minha vida. Bom, fosse só tensão, seria normal, mas eu consigo a façanha de fazer todo o desequilibrio existente se chocar com meu melhor equilibrio, é isso que não defino. Choro constantemente, só que tenho pé no chão de que o melhor vai ser, com a mesma frequencia. Me irrito bastante, mas também fico tão calma que parece que nada está pra acontecer.

- E ai, Tamara? Como você tá?
- Eu não sei.
- Não sabe?
- Que droga, não me pergunta!

ou 

- E ai, Tamara? Como você tá?
- Eu não sei.
- Não sabe?
- To um pouquinho tensa com os vestibulares, 
mas estou bem, to na fé.

Mas não é nem uma resposta, nem a outra. É um "eu não sei" e só. E não posso escolher, definir, dizer, sentir, resolver... Não me dou bem com essa coisa dupla, não. Terrivel falar sobre isso, um coisinha tão boba diante de tantas que podem dar errado pra uma pessoa, que parece ser até egoismo eu estar me lamentando e causando dor por isso, sabe? Mas eu tenho esse meu fim no mundo aqui bem próximo, que é fim do mundo não sei nem porque, só me faz sentir que é. Eu quero que passe, prefiro minha cabecinha confusa do normal, quero que ela volte e ponto.

Tenho que estudar agora, concentração zero, dai escrevi essa droga de post pra ver se tirava qualquer conclusão. Que nada...

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Tomara, Tamara.

"Tomara que os olhos de inverno das circunstâncias mais doídas não sejam capazes de encobrir por muito tempo os nossos olhos de sol. Que toda vez que o nosso coração se resfriar à beça, e a respiração se fizer áspera demais, a gente possa descobrir maneiras para cuidar dele com o carinho todo que ele merece. Que lá no fundo mais fundo do mais fundo abismo nos reste sempre uma brecha qualquer, ínfima, tímida, para ver também um bocadinho de céu. Tomara que os nossos enganos mais devastadores não nos roubem o entusiasmo para semear de novo. Que a lembrança dos pés feridos quando, valentes, descalçamos os sentimentos, não nos tire a coragem de sentir confiança. Que sempre que doer muito, os cansaços da gente encontrem um lugar de paz para descansar na varanda mais calma da nossa mente. Que o medo exista, porque ele existe, mas que não tenha tamanho para ceifar o nosso amor. Tomara que a gente não desista de ser quem é por nada nem ninguém deste mundo. Que a gente reconheça o poder do outro sem esquecer do nosso. Que as mentiras alheias não confundam as nossas verdades, mesmo que as mentiras e as verdades sejam impermanentes. Que friagem nenhuma seja capaz de encabular o nosso calor mais bonito. Que, mesmo quando estivermos doendo, não percamos de vista nem de sonho a ideia da alegria. Tomara que apesar dos apesares todos, dos pesares todos, a gente continue tendo valentia suficiente para não abrir mão de se sentir feliz. Tomara."
[Ana Jácomo]

Lindo! Um chá de realidade. Realiadade dentro do que é real pra mim: a força que não me falta (nunca irá faltar!) diante dos instantes em que coisas não estão nos lugares devidos. O que vem de dentro é mais forte.
Brigada, Ana! :}

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Num papel, as frases do dia.

Eu sou folha de papel
Sou sozinha em verso de linha
Poesia borrada e rasgada.
São nos rabiscos mal acabados que me encontro
Papeis dobrados, rasurados,
tristes e bonitos.
A inspiração que cutuca a mente numa tarde vazia
Palavra que papel não lê
Palavras, frases, melodia...
Sou o que a cabeça quer sentir
e não sabe escrever
Simples e comum, mas diferente
em si, num ser.
Sou o que essas palavras são agora
Alusões poéticas, assimetricas e sensitivas.
Indescritiva.


[17:16h, Caderno de Bolso]