segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

"As vezes eu só quero descansar, desacreditar no espelho, ver o sol se pôr vermelho..."

De vez em quando, eu sinto vontade de nada precisar rotular. Só respirar. A rotina, as ideias, as vontades; tudo se mistura e no final das contas falta espaço. É que ocupo meu tempo esquentando a mente e depois não me resta mais nada dele pra pôr as coisas em ordem, ou até pra desorganizar mesmo. Entre o que faço e o nome do que quero fazer existe um abismo chato. Me gasto na tentativa de compreender e de encontrar esse nome, e assim, na mesma falta do tempo, vem o vazio. 
De vez em quando, preciso desfazer o nó. De alguma forma entender, nomear, praticar. Caio num imbróglio. Falta ar e volto àquela vontade de parar o mundo, de desligar o botão do raciocínio. Porque que nós, pessoas, buscamos tanto entender de tudo e arranjar um nome presses tudos? Porque se sustentar nos rótulos e querer nos enquadrar? E porque tanto dessa teimosia aqui? 
De vez em quando, um sorriso no rosto cura nossa alma. É bom se acomodar num cantinho, longe das placas, das regras invisíveis e das visíveis também. De vez em quando... De vez em quando deve ser só questão de tempo pra parar de pensar em tanta coisa ao mesmo tempo. O tempo até pode dar conta. O pensar é que as vezes não sabe se encaixar nele.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Des/construção

  Tudo bem que ainda não acostumei com a ideia de que passei recentemente por natal, reveillon, férias. É que não to sentindo aquele gosto de ciclo novo que costumava sentir depois desse intervalo em que eu fazia cá meus planinhos. Estranho, não me vejo mais em ciclos! Parece que, de repetidos erros, consegui extrair algo sensato sobre isso e só agora notei. Ah vai, que saco fazer planos de vida nova, abrindo e fechando esses tais ciclos (e que poder é esse de controlá-los mesmo?). Não, isso de nada me acrescenta. Programações só funcionam bem pra canal de televisão que desempenha bem o papel de prolongar um domingo ocioso. Programar o viver não tem nada de funcional. E depois de tanta "segunda-feira mudo isso" e "esse ano vou fazer assim", me bateu uma fadiga até de planejar o que vou fazer pra comer no almoço de hoje. 
  Não tem que prever. Não tem que exigir da vida cumprir com as previsões malucas que você faz! A gente pode ser tanto um tanto de tudo, viver tanto o indefinível, e é só no caminhar que a gente permite isso. O novo de verdade, aliás, vem quando a gente se permite levar, mudar, acrescentar. Até porque é sem porquê esse lance querer antecipar os sentidos e buscar respostas imediatas, e depois acabar alcançando só frustrações. A ideia que tenho pra agora é construir, independente do que o relógio tem pra me dizer. Se for de encerrar algum tipo de ciclo ou cair em um outro, que eu o perceba quando estiver já vívido em mim.

"Como é que a gente pode ser tanta coisa indefinível
tanta coisa diferente
Sem saber que a beleza de tudo
é a certeza de nada
E que o talvez torne a vida um pouco mais atraente. "

(Uma delicada forma de calor - Lobão)