quinta-feira, 29 de julho de 2010

Ser do amor

"A gente não percebe o amor
Que se perde aos poucos sem virar carinho.
Guardar lá dentro amor não impede,
Que ele empedre mesmo crendo-se infinito.
Tornar o amor real é expulsá-lo de você,
Pra que ele possa ser de alguém!"
(Nando Reis)



Como é sentir o que não existe?
Minhas teorias de amor não são nem um pouco sutis.

Como é ter saudade do que nunca se teve?
Sentir saudade e sentir falta são coisas distintas.

Como é se completar com quem ainda nem se conhece?
Mas a regra dos opostos que se atraem é dispensável pra mim, eu acho.

Como é sonhar, arquitetar e buscar algo que não passa de incerteza?
Amar alguém é amar antes que se ame quem existe.

São perguntas com respostas desconhecidas.
Aqui estão apenas considerações sobre o que ainda quero aprender.
É que na verdade eu acho que o que penso é pouco demais diante do
que é possível sentir; agora ou depois.


Tenho acumulado amor.
Pra quem?

.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Eternos campos de morango.

Ontem demorei a pegar no sono. Quando isso acontece a gente fica pensando em mil coisas, não é mesmo? Não foi diferente essa noite. E as vezes, sem explicação, ficamos com uma musica tocando na mente, né? Foi assim também. A música era Strawberry Fields Forever dos Beatles e o pensamento era uma lembrança.

Eu devia ter uns quatorze anos quando tinha uma conhecida, de amigo em comum comigo, que era tarjada de estranha. Bom, fisicamente ela era sim. Usava roupas diferentes pra sua idade, se eu não me engano um ano mais nova que eu, tinha o cabelo crespo com dezenas de trancinhas e não era bonita, não pros padrões de beleza que essa sociedade exige (feio é o sistema). Ela era de classe social alta, mas parecia, visto em seu próprio jeito, não suportar nenhuma regalia.
  
Certa vez meu colega, que era amigo de infância da estranha, estava aniversariando e a turma toda foi pra sua casa. Ela estava lá, super despreocupada em conhecer todo mundo. A única palavra que ela trocou comigo e com uma amiga minha foi uma piadinha sarcástica que ela fez. No dia seguinte, os meninos estavam no colégio caçoando do jeito dela e alguém falou: “Ela não tem amigos e ouve Beatles, ela é estranha!” e todos caíram na risada. Mas pera aê! Por que ela ouve Beatles ela é estranha? Na época eu ainda não tinha parado pra escutar, só que eu sabia que eles foram um nome na historia da musica e que meus pais adoravam. Deixei pra lá, ela era estranha mesmo.

Então eu me pego cantarolando Beatles na cabeça e me lembro da estranha. Chega a ser engraçado! Me tornei uma estranha também, pouco interessada em meros coleguismos e adoradora plena dos garotos de Liverpool. E além do mais, descobri que prefiro a estranheza ao padrão. Hoje pessoas com gostos sempre iguais é que me incomodam.


Mais uma vez, sou feliz com mudanças e diferenças.

sábado, 24 de julho de 2010

Outra consideração desumana!


"Adoramos a perfeição, porque não a podemos ter; repugna-la-íamos, se a tivéssemos. O perfeito é desumano, porque o humano é imperfeito"

(Fernando Pessoa)



NOTA: Mas sinceramente? Eu odeio qualquer semelhança com a perfeição! Ela tem me dado desgosto.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Equilíbrio desumano.

Me surpreendo com a fragilidade do laço que une as pessoas. Parece que vivemos num campo de guerra, em que um agride o outro verbalmente de maneira escarnecedora e sem motivo algum, ou com motivo: instinto do homem! Sinto diariamente essa disputa de palavras, inclusive a pratico. Não, não sou dotada do desejoso equilíbrio! Sou defeituosa justamente por ser homem. Só que por outro lado não me vejo como esses brutais que tem a altivez como um escudo. Claro, me defendo quando sou insultada e até insulto, impulsivamente, que fique claro! E a diferença está aí na impulsividade. Quando ajo deste modo sei muito bem reconhecer onde pequei, aqueles outros não! Eles se acham sempre os certos, umbigos do mundo.
Enquanto houver humanidade, haverá o erro, eu sei. Erramos mesmo sem saber! Então será que aqueles, aos quais me refiro como outros, não sabem quando erram? Ou são tão errados de natureza que mal percebem a diferença entre o certo e o errado? Enfim, sendo apenas eu, não tenho como responder nenhuma dessas perguntas. Estou apenas em mim, e conhecer a mim já tarefa de grande labuta, quem dirá conhecer aos outros.
Por enquanto continuo a observar como eles agridem e como podem ser amáveis também. Por que apesar de saber que o convívio com o meu próximo pode ser deteriorável, sei que não dá pra conviver só comigo. Eu amo, mesmo quando sinto raiva de todos, amo. Amar é o único verbo que tem se sustetando durante eternidades passadas e me parece ser alguma saída para a batalha de desequilíbrio humano.


quarta-feira, 21 de julho de 2010

Hoje a música fala por si só

Eu sei que nada tenho a dizer,
Mas acabei dizendo sem querer
Palavra bandida!
Sempre arruma um jeito de escapar

Seria tudo muito melhor
Se a música falasse por si só
Dá raiva da vida
Nada existe sem classificar

Penso, tento
Achar palavras pro meu sentimento

Tanto é pouco, nada diz
Não é triste, nem feliz

Mesmo sendo
Um pranto, um choro ou qualquer lamento
Nada importa, tanto faz
Se é pra sempre ou nunca mais

Pensei em mil palavras, e enfim
Nenhuma das palavras coube em mim
Não vejo saída
Como vou dizer sem me calar?

Diria mudo tudo o que faz
Minha vida andar de frente para trás
Uma frase perdida
Num discurso feito de olhar

(...)

Não é medo, nem é riso
Não é raso, não é pouco, nem é oco
Não é fato, nem é mito
Não é raro, não é tolo, não é louco
Não é isso, não é rouco
Não é fraco, não é dito, não é morto
Não, não, não, não!

Eu sei que nada tenho a dizer
Pensei em mil palavras, enfim
Seria tudo muito melhor
Pensei
Seria
Se um dia alguém puder me entender

Sem palavras - Móveis Coloniais de Acajú

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Vem e vai, vem e não vai, não vem e vai.

Acontece é que esse completo vem e vai de emoções me cansa.
Sim, to cansada! E diria até que perturbada também, já que esse cansaço me leva a perder um pouco a noção do que quero.
Ou perder totalmente a noção!
Como agora mesmo, desvinculada de qualquer crédulo pro futuro, eu estou sem noção.
ESTOU CHATA também. Estou num mar emotivo também.
E estou (...) também.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Imagens que falam

A Roberta, do blog Garota Flor, indicou o desafio de me descrever apenas com imagens. Fiquei super feliz e empolgada com a ideia! Me deu um trabalhão encontrar as imagens do jeito que eu imaginava cada ítem, mas o resultado acabou sendo muito gratificante! =)


Quem sou:


O que me faz sorrir:


O que me faz chorar:

Minha cor:

Hobby:

Sonho:

Música:

Esporte:

Um filme:

Pecado:

Lembranças da infância:




Saudade:

-

Bom, meu amigo Lucão vive fugindo quando o assunto é falar sobre ele, acha que corre o risco de ficar muito doce. Eu vivo reclamando com ele por isso, até por que ele é ótimo com as palavras! Então, vou lançar esse desafio pra ele.
Lu, aí você não vai precisar adocicar as palavras, então quero vê as imagens!

terça-feira, 13 de julho de 2010

Em mim e no próximo.

Já parou pra se perguntar se a dor do próximo faz efeito em você a ponto de pensar mais nele que em si?
Eu me fiz essa pergunta hoje mesmo. Me critiquei por calar quando deveria defender e por falar quando deveria esconder. Cheguei a me achar egoísta! Mas quando fiz o inverso desmanchei rapidamente essa ideia.
No momento em que me recordei da falta de lealdade de pessoas que convivem(e as que já conviveram) comigo, pude notar que minha autocrítica é quase invalida. A covardia e até mesmo o puro egoísmo delas já me trouxeram muita decepção. E o que é pior nisso é que sempre fui relevante e procurei fingir que nunca notei, acho que por medo de cair a ficha.
Ser prestativa acaba sendo um defeito meu. Quando alguém me conta algum problema eu me reviro toda pra tentar ajudar nem que seja com conselhos. Não consigo dizer apenas "hum, que pena" e agir indiferente àquilo já que o problema não é meu. Porém são pouquissimas as vezes que recebo toda essa preocupação de volta. Já ganhei muito "hum, que pena" depois de ter me desabafado pra algumas dessas mesmas pessoas que vivem procurando minha ajuda. Por conta disso acabo ME deixando de lado.
Numa balança dos 'nãos' que não consegui dar e das vezes que pensei em mim, adivinha que lado pesou mais? Uma dica: O lado mais pesado não me trouxe tanta retribuição!
Será que é preciso endurecer meu coração pra pensar mais em mim?
Ainda prefiro acreditar que não.
Mas olha, um dia vou querer safar mais a minha pele mais que a sua, vai ser normal também! Não vejo mal algum em aprender a pensar mais em mim. Tenho aprendido. E garanto que aprendo sem esquecer que as pessoas precisam umas das outras. Pensar em mim não quer dizer que não vou pensar em você! Entende? Vai contra meus princípios ignorar a dor do outro. O que pretendo mudar, ou melhor, acrescentar, é o valor do meu eu, para que depois eu não me decepcione tanto por esperar mais das pessoas. Não quero continuar me doando a ponto de acabar esquecendo de mim.
Mais tarde vou me perguntar novamente: “Já parou pra se perguntar se a dor do próximo faz efeito em você a ponto de pensar mais nele que em si?” Pretendo responder que sim, já parei, e que aprendi que pensando em mim é que consigo ensinar ao próximo a pensar em si e no outro ao mesmo tempo.
Se fosse uma corrente daria certo.

domingo, 11 de julho de 2010

Desproteção

"Eu continuo sem saber que maravilha a vida poderia me reservar se eu não me protegesse tanto."

(Tati Bernardi)

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Dois Menos Dois



Achamos que somos sozinhos, quando, na verdade, um alguém reside ao nosso lado.
E é assim mesmo, a gente não vê, mas incondicionalmente ele vai estar.
É apenas uma questão de percepção.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Retrovisor é você !

"Pelo retrovisor enxergamos tudo ao contrário
Letras, lados, lestes
O relógio de pulso pula de uma mão para outra e na verdade nada muda
A criança que me pediu dez centavos é um homem de idade no meu retrovisor
A menina debruçando favores toda suja é mãe de filhos que não conhece
Vendeu-os por açúcar
Prendas de quermesse
A placa do carro da frente se inverte quando passo por ele
E nesse tráfego acelero o que posso
Acho que não ultrapasso e quando o faço nem noto
O farol fecha...
Outras flores e carros surgem em meu retrovisor

Retrovisor é passado
É de vez em quando do meu lado
Nunca é na frente
É o segundo mais tarde, próximo, seguinte
É o que passou e muitas vezes ninguém viu
Retrovisor nos mostra o que ficou, o que partiu
O que agora só ficou no pensamento
Retrovisor é mesmice em dia de trânsito lento
Retrovisor mostra meus olhos com lembranças mal resolvidas
Mostra as ruas que escolhi, calçadas e avenidas
Deixa explícito que se vou pra frente
Coisas ficam para trás
A gente só nunca sabe que coisas são essas
"

(Amém - Fenando Anitelli, TM)

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Em um codinome Beija-flor !

"Flores são flores
Vivas num jardim
Pessoas são boas
Já nascem assim
Flores são flores
Colhidas sem dó
Por alguém que ama
E não quer ficar só"

(Cazuza)



Hoje, vinte anos sem o poeta rebelde.
Cazuza se foi mas deixou suas canções irmotalizadas.
Insano e intenso nos mostrou como essa
vida louca vida é breve, tão breve...

Ele sobrevive sem nenhum arranhão em nossa memória.

Tempo clichê

Mesmo com tanta idéia pra escrever, ainda me persegue o pensamento do Tempo. Poxa, que cara chato! Tá em tudo que eu penso! :@
Nesses últimos dias que fiquei sem postar tava me amarrando pra não falar sobre ele outra vez. Mas em tudo que eu escrevia ele tava lá marcando presença. Então decidi não ignorá-lo, até por que não se ignora o tempo, não é? Por mais que se queira deixá-lo pra lá, ele vai ser sempre como um bonequinho pacman devorando cada minuto nosso.
Bom, não é a toa que as pessoas se expressam tanto ao falar sobre tempo, tempo e mais tempo. Músicas, filmes, textos, poesias... O danado sempre arranja um jeito de aparecer e dizer pra que veio, ou melhor, confundir pra que veio!
Eu, como quase todas (ou todas) pessoas que refletem tanto o tempo, não sei se quero o fazer andar depressa ou dar uma marcha ré. O ideal mesmo seria controlá-lo! Mas como se nem nossa própria mente é possível controlar? O controle é realmente um termo fajuto que nos remete apenas à imperfeição. Sendo assim, penso que o tempo é incontrolável, falso, imperfeito e mais: ESCORREGADIO! E eu não quero cair e bater de cara no chão por causa dele, vou dar um tempo pro tempo. Pelo menos por enquanto...



"Mas é que esse rebelde que grita aqui dentro
Como dez mil tambores que tremem o chão
Alcançou um estado tal
Que nem importa bem ou mal
Só resignação: e agora é tudo tempo...

Eu ia dizer, me confessar de antemão
Mas é melhor nem sim nem não."

(Rose´s song - Dante Ixo, Solana)

sábado, 3 de julho de 2010

O que faz um homem bom


"Desinteressado de dinheiro, de glória e posição, vivendo numa reserva de sonho, adquirira a candura e a pureza d'alma que vão habitar esses homens de uma idéia fixa, os grandes estudiosos, os sábios, e os inventores, gente que fica mais terna, mais ingênua, mais inocente que as donzelas das poesias de outras épocas.
É raro encontrar homens assim, mas os há e, quando se os encontra, mesmo tocados de um grão de loucura, a gente sente mais simpatia pela nossa espécie, mais orgulho de ser homem e mais esperança na felicidade da raça."

(Triste fim de Policarpo Quaresma - Lima Barreto)

Se dessas oito cores vivesse todo homem, sem dúvidas não existiria espaço pra mais nada que não fosse amor, amor e amar ao próximo.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Desconhecido


"Preciso sim, preciso tanto. Alguém que aceite tanto meus sonos demorados quanto minhas insônias insuportáveis. Tanto meu ciclo ascético Francisco de Assis quanto meu ciclo etílico bukovskiano. Tanto faz, e sem dizer nada me diga o tempo inteiro alguma coisa como eu sou o outro ser conjunto ao teu, mas não sou tu, e quero adoçar tua vida. Para continuar vivendo, preciso da parte de mim que não está em mim, mas guardada em você que eu não conheço."

(Caio Fernando Abreu)

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Nada pra sentir


Em contramão com o tempo, com as pessoas, com os verbos... Tenho andado assim. Assim meio sem mim. Não que seja isso que eu queira deixar transcender, mas o otimismo me abandonou. E só por hoje, espero!
De certo modo acredito que tudo deve fazer sentido. Apesar de me esgotar em dias iguais e pensamentos sem fim, tenho convicção de que amanhã o novo me espera. É pra essa espera que busco um sentido. Sentido esse que está tão claro quanto um porão escuro. Se eu ao menos tivesse um plano, uma meta a ser seguida... Seria diferente?
Os dias tem sido destrutíveis nas esperas e surpreendentes no olhar pra trás. Isso me assusta! No mesmo instante em que quero o tempo passando depressa pra eu enxergar um caminho novo, sinto medo quando observo o quanto já se passou no mesmo caminho.
O tempo passa... É verdade. Muitos usam isso como desculpa pra os desprazeres que a vida proporciona. E eu aqui nem sei se estou desprazerosa ou simplesmente sem nada pra sentir. O que eu queria mesmo era poder engatinhar esse tal de tempo à minha maneira. Que droga! AINDA não descobri se querer é o bastante.