Que bom ficar de bobeira sem muito com o que se preocupar. Que bom estar atolada até a ponta do cabelo. Sim, é muito bom não ter e ter o que fazer!
Nada como um domingo pra acordar meio-dia, almoçar no café da manhã e depois passar o resto do dia vendo filmes bobos ou as besteiras da TV. E comendo porcarias! E aqueles dias que a gente acorda sem vontade da rotina e joga tudo pro ar? Deixa os horários pra lá, falta nas obrigações, dorme e depois inventa uma dorzinha de cabeça só porque precisava de uma fuga dessas pra si. Ai, esses dias são dos melhores! Penso, tipo: “que se dane, eu mereço respirar!” Ah, sim... Têm também os feriados prolongados, as datas ‘sagradas’ do calendário, que a gente corre prum canto diferente ou reúne a família e amigos pra simplesmente comer junto ou sei lá o quê. São bons dias também! E não podemos esquecer o tédio. É legal se irritar consigo por não ter o que fazer por muito tempo, daí então ficar catando migalhas do que pareça utilizável. Se deixar consumir um dia inteiro na frente do computador, vendo noticia alheia e vida alheia também. Dormir tarde vez ou outra na internet conversando com gentes legais, e até dormir tarde várias vezes seguidas conversando com chatos.
E pra balancear (ou contrabalancear) vamos pensar na maravilha que é, depois de um dia cheio, colocar a cabeça pesada no travesseiro e se sentir útil por ter conseguido fazer tudo e mais um pouco. É muito bom ter o que fazer, ter de organizar o tempo pra caber todas as obrigações de um dia. É incrível como a gente consegue se desdobrar e fazer o dia durar mais que 24 horas de ocupação. Conta pra pagar, problema pra se esquentar, trabalho a cumprir e mais as durezas da vida que a gente sempre tem de enfrentar. E mesmo diante de trocentas coisas, ainda dá pra ler um livro bacana de pouquinho em pouquinho e perder uns minutos fazendo resumidamente o que se faz quando não se faz nada. Não lembro quem foi que disse: “Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração!”, isso faz é muito sentido (e dá pra adaptar às diferentes realidades).
Sabe, bom mesmo é tá na vida. É não desistir da vida mesmo com tanto defeito no viver. Eu não sei como poderia ser melhor pra mim, nem como poderia estar pior... Mas eu to viva, caramba! Vivo pensando no que me dói e também no que me faz sorrir. Vivo os dias maus, os dias bons. E tenho vivido de repúdios e descontentamentos, mas eu vivo de amor também! Eu vivo de dor, de cansaço, de tristeza... Vivo da esperança. Vivo com vontade de lutar, de lutar pelo viver. Mesmo que não te faça sentido esse viver, camarada, é bom que esteja na vida! Ainda que sem rumo, que sem norte, é bom estar nisso aqui e saber que se pode viver também de mudanças.