quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

esmorecimento

Algumas pessoas, por mais que a gente goste e se sinta gostado também, fogem quando não temos sorriso a ofertar. Isso dói um tanto. Tem sabor de desprezo. E tem cheirinho daquela coisa que se diz quando uma pessoa só precisa da outra pra seu benefício, como é que chama? Interesse? Seja lá o que for, é dessa coisa. Ao perceber, dá vontade de guardar meus sorrisos, os meus melhores sorrisos, apenas para os poucos que podem chorar comigo. Eu que costumo ser tão benevolente com qualquer um, nem tenho desejo de troca... É, eu não estou esperando nada de ninguém mesmo. Mas acontece que dói. O problema deve estar em chorar demais as lágrimas desses qualqueres e ficar em falta com as minhas. Só.


segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

"Um pouco mais de paciência"

"Ninguém te ensinará os caminhos. Ninguém me ensinará os caminhos. Ninguém nunca me ensinou caminho nenhum, nem a você, suspeito. Avanço às cegas. Não há caminhos a serem ensinados, nem aprendidos.”
(Caio Fernando Abreu) 

Tudo é risco, tudo é improvável. A única coisa que se pode ter certeza é viver. Aliás, nem isso. O certo é o incerto. Incerto para nós. Planos, mapas, previsões... Nada promove afirmativas! Isso tem me causado lágrimas, um monte delas. Me faz distante também, tristemente desacreditada. Só depois de engolidas algumas horas de reflexão, lembro do que ouvi um dia sobre o tempo de Deus. Há o tempo certo para as coisas acontecerem, inclusive para o caminho tão incerto. Isso sim é correto. Se não fosse minha teimosia em querer logo o tempo de encaixar os eixos, minha cabeça estava confortada. Conheço o conforto, mas preciso mesmo é que não me falte paciência... Tem faltado.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

infinito.

"E tudo que tudo como em todo 
permaneça no centro de tua alma
Que a calma acalmo 
e que a calma traga o sono
no sonho infinito de ser feliz"

(Seus Anjos - Roberta Campos)


Nos corações dos sonhadores, o céu não é o fim.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Me conforta apenas.

"E se não quisermos, não pudermos, não soubermos,
com palavras, nos dizer um pouco um para o outro,
senta ao meu lado assim mesmo.
Deixa os nossos olhos se encontrarem vez ou outra
até nascer aquele sorriso bom que acontece
quando a vida da gente se sente olhada com amor.
Senta apenas ao meu lado
e deixa o meu silêncio conversar com o seu.
Às vezes, a gente nem precisa mesmo de palavras."
(Ana Jácomo)


Eu, que nem mesmo tomo café, tenho dias amargos demais. Não precisa vir de razão qualquer nem de você, amarga só. Devem ser os goles do café que não tomo acumulados mesmo... Ou deve ser por conta dessa agonia que me dá do nada que me tem. Nada, apenas. Amarga, amarga e passa. Então é bom mesmo que me venha sem palavras. Presença já o bastante quando não se quer nem ouvir o nome de uma doçura. Amarga, não quero me desfazer numa troca. Eu quero é que passe, e passa sem que precise adornos desses doces. Pelo menos comigo é. Mas preciso de você sim, apenas pra me sentir entendida talvez. E que as palavras lhe faltem pra que eu possa apenas sentir. Sentir se você me entende. Sentir conforta, desamarga.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Sem arquitetar, meias palavras não ditas.

É pedir demais que as incertezas fiquem por longe. Me pego, frequentemente, exigindo de mim até mesmo decisões mixurucas, e é como uma espécie de dívida ter que me centrar naquela preferencia, naquela escolha. Tudo bobagem. Eu não sou boa com isso, não adianta! Daí então termina como uma culpa, um defeito, uma dor ou um outro qualquer derivado desses. Com isso, fico com um bom histórico de hesitações e de assuntos desfeitos ao vento, pelo tempo. Covardia, eu poderia dizer. Mas não vou. Prefiro deixar pra lá também, é melhor... Incrível vendo por esse ângulo. É que sempre acaba sendo o melhor a fazer quando há tantas dúvidas! Bom, parece ser.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Existiria.

Não seria nada mecânico, teria de ser orgânico e puro. Orgânico, puro e terno, nas horas em que se pedisse apego. Orgânico, puro e frio, pra solidificar quando estivesse a derreter.
Sem que precisasse dizer o que há em mim, compreenderia. E seria severo pra que eu pudesse esquecer mais do eu e também compreendesse.
Faria-me imbróglios, cortes e ironias, depois deleitaria comigo nos remendos de nossos braços afetuosos.
Traria vocabulário mudado pra cada gesto de olhar. Que arrancasse-me salivas e que mostrasse-me dentes, na maior parte do tempo.
Transitaria junto. Teria, assim, minha descoberta, meu abrir mão e meu descansar do mundo.

Como dois pés que buscam cobertor, rosto que procura frescor, pescoço que anseia afago, alento.
São irreconhecíveis os quereres submersos em tantos devaneios. Mas existem fortemente. Desbotados, amarrados e tão precisados.


terça-feira, 4 de janeiro de 2011

além

"A pequena banda soturna e alegre parte num tapete voador
A cidade a vê sumir com olhos d'água
A meio caminho o cantor se divide num processo espiritualmente bacteriológico
Suas duas metades vocais passeiam pelo mais alto azul antes de se fundirem novamente em uníssono
Xilofones de açúcar e acordeões de chocolate
Beijos de clarineta e um chão de queijo
Nada será mais como as botas sobre a triste e fina película de gelo
Agora, seremos nuvens"

[Rumo a Lua num Tapete Voador - Bonifrate]


[Lucy in the Sky With Diamonds - The Beatles]