terça-feira, 31 de agosto de 2010

Tristeza é mesmo tolice,

...tolice de ser um tolo que se atola em pensamentos tolos ruins.
Sou tola, deixo de ser, volto a ser, não quero ser nunca mais... É um ciclo.
Mas sei sorrir, sei acreditar e sei caminhar. Então por que teimo em atolar-me?
Deve ser mesmo porque a vida em si já é um ciclo, enquanto dura, é eterno ciclo.
Não brigo mais comigo quando estou triste. Sei há de vir felicidade!


"Fim de tarde. Dia banal, terça, quarta-feira. Eu estava me sentindo muito triste. Você pode dizer que isso tem sido freqüente demais, até mesmo um pouco (ou muito) chato. Mas, que se há de fazer, se eu estava mesmo muito triste?

Tristeza-garoa, fininha, cortante, persistente, com alguns relâmpagos de catástrofe futura. Projeções: e amanhã, e depois? e trabalho, amor, moradia? o que vai acontecer?

Típico pensamento-nada-a-ver: sossega, o que vai acontecer acontecerá. Relaxa, baby, e flui: barquinho na correnteza, Deus dará. Essas coisas meio piegas, meio burras, eu vinha pensando naquele dia. Resolvi andar."

(Caio Fernando Abreu)

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Maltratadeira

É inútil lutar contra a saudade.

Ela me aperta com seus braços de aço e me tortura com as lembranças que ela, mais do que ninguém, sabe atrair. E traz só melancolia!
A saudade é tão malvada que não nos dar a chance nem de correr, ela chega sem que possa ser percebida.
É um estado de espírito que não consegue fazer bem sem que traga aquela dorzinha no peito com vontade de fazer voltar àquele instante, aquela pessoa.
Nem o tempo é mais forte que ela.
A saudade não consegue ser boa nem quando nos faz sorrir, só de lembrar que aquele sorriso faz parte de um passado já é tristeza.
O passado, outro perverso, é cúmplice da saudade. Ele não nos devolve nada! Pode até devolver parecido, mas nunca igual.
Parece que quanto mais a gente quer esquecer, a saudade nos tormenta!
E se eu fingir que esqueci, ela deixa de apertar? Não, ela aperta ainda mais pra que eu admita que lembro.
Já perdi as contas de quantas vezes discuti com ela e acabei dando o braço a torcer, ou melhor, acabei deixando ela me abraçar, e em muitas ocasiões abraçar forte, muito forte, forte demais!
Hoje mesmo, estou roxa de tanto que ela me espremeu.

É inútil lutar contra a saudade, por isso procuro fazer parte dela.


Quando o Sono Não Chegar - Cordel do Fogo Encantado

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Longe da velha opinião formada sobre tudo.

"Mas de vez em quando vinha a inquietação insuportável: queria entender o bastante para pelo menos ter mais consciência daquilo que ela não entendia. Embora no fundo não quisesse compreender. Sabia que aquilo era impossível e todas as vezes que pensara que se compreendera era por ter compreendido errado. Compreender era sempre um erro - preferia a largueza tão ampla e livre e sem erros que era não-entender. Era ruim, mas pelo menos se sabia que se estava em plena condição humana".
(Clarice Lispector)


Minha agonia de tentar entender e não querer descobrir-me é sem fim. Tal descoberta parece ser uma tarefa mais árdua que a de arrancar as memórias do coração, e esse ardor é que me faz recuar, então assopro.
Deve parecer tudo estranho, incompreensível ou quem sabe enigmático pra quem ler esse meu diagrama de palavras mal justificadas. Acontece que não existe justificativa alguma pro que quero uma vez que, nem eu sei o que é. É clichê isso de não saber o que se quer? Acho que sim, mas deve ser por causa da familiaridade que há pra mim.
Seria sensato que eu tentasse explicar uma mínima razão pra estar escrevendo agora. O que quero mesmo dizer é que não me reconheço bem e não me envergonho disso, é realmente uma escolha (como se houvesse).
Vou tentando entender, entendendo e desentendendo, e juro que isso não é um erro. A descoberta de cada sentir divergente é que me fascina e que me faz ser quem sou agora, diferente mais tarde. Assim, vou sendo sempre a mesma, diferencialmente igual daquilo que até tento entender, mas não quero compreender.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Dentro dela estilhaços, pétalas em pedaços, você ♪

Quando pela primeira vez alguém a chamou de bipolar, ela caiu em si. Foi estranho, mas ela sentia que aquilo podia ser a explicação pra tudo que agonizava seu peito.
Ora ela busca uma justificativa, ora ela se desfaz de qualquer ideia que possa tornar-se uma resposta concreta.
Então dessa forma ela, ou melhor, eu tento tornar despercebido qualquer vestígio dos sentimentos que ninguém jamais ousou decifrar. Sinto-me mal por isso.
Tenho saudades daquela pequena fresta que ia me iluminando aos poucos querendo ser aberta. Eu podia ter aberto, mas não quis (não consegui).
Todo erro está significativamente no fato de eu não ter conseguido me iluminar por completo. Mas essa luz de que falo, o amor, sempre me pareceu fraca e eu tive medo do dia em que ela se apagasse e me deixasse sozinha no escuro. Esse medo, que me retrai tanto de achar até mesmo respostas, certas vezes me parece tão bobo. E é então que começo a descobrir aquela bipolaridade que assimilaram a mim como algo ruim. Não é ruim! Eu preciso parar de pensar em meus medos e na escuridão que me despedaçou um dia. Por mais que eu tenha noção disso, tenho que avaliar como tolice esse devaneio todo!
Ao equilibrar-me entre esses meus dois pólos é que conseguirei, quem sabe um dia, abrir portas e janelas deixando as pétalas de um passado planarem pelo vento até que sumam no horizonte da luz.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Apenas uma observação!

Eu tenho uma cisma de reparar como as pessoas usam as palavras. Tem dias que fico totalmente longe e nem percebo quem tá do meu lado, já outros fico a observar cada uma detalhadamente e só. Algumas vezes chego testá-las, confesso. Não existe explicação nenhuma pra essa vontade que sinto de descobrir qualquer besteria sem sentido. Deve ser cisma mesmo.
Bom, fazendo essas minhas observações encontrei algo em comum de todos: os rótulos. Algumas pessoas me deixam até bestificada com a quantidade de rotulação que usam. E eu me pergunto: pra quê rotular tanto? Afinal de contas, quando paramos pra rotular a si próprio, encontramos mais defeitos do que podemos enxergar no outro. É como acontece com aquele sujeito que não conhecemos e a gente sai catando cada suspiro pra achar uma denominação pra ele, e depois, quando se troca dez minutos de palavras com o tal, percebe-se que não é nada daquilo que se imaginava.
Em relação a mim, estou cansada da frase: "Eu te achava metida, mas você não é!" Nem me espanto mais, dou apenas uma risadinha de concordância. E sabe de uma? Não movo uma palha pra que mudem essa concepção sobre mim, ou seja, esse rótulo não me desfaz. Deixo com que os que me conhecem de verdade me conheçam na verdade, os que não conhecem... Deixa pra lá! Não vou conseguir fazer todo mundo parar de rotular mesmo!
É, na verdade eu até queria que não existissem rótulos pra ninguém, os morais e muito menos os físicos. Tudo bem que eu posso ser um pouco crítica, até mesmo por viver reparando o jeito dos outros, mas não existe coisa que mais me incomode do que alguém estar junto de mim falando mal de tudo! Isso eu não faço, e queria muito que não fizessem pelo menos do meu lado.
Enfim, resolvi escrever isso justamente por que é um lance que me sufoca bastante. Não entendo como as pessoas podem adquirir hábitos tão ridículos, vivem bombardeando todo mundo sem ao menos olhar apra própria fuça! E depois, por qualquer sinal de ameaça, chegam a ser hipócritas em dizer que o que vale é o interior. Deviam lembrar do interior antes disso, isso sim.

Nós, humanos sempre imperfeitos.


"É fácil culpar os outros
Mas a vida não precisa de juizes
A questão é sermos razoáveis"
(Nando Reis)

terça-feira, 17 de agosto de 2010

eu encubro, eu disfarço, eu camuflo, eu desfaço ♪


— E você, por que desvia o olhar?

(Porque eu tenho medo de altura. Tenho medo de cair para dentro de você. Há nos seus olhos castanhos certos desenhos que me lembram montanhas, cordilheiras vistas do alto, em miniatura. Então, eu desvio os meus olhos para amarrá-los em qualquer pedra no chão e me salvar do amor. Mas, hoje, não encontraram pedra. Encontraram flor. E eu me agarrei às pétalas o mais que pude, sem sequer perceber que estava plantada num desses abismos, dentro dos seus olhos.)

— Ah. Porque eu sou tímida.

(Rita Apoena)

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Eu vou lá



"Fui para os Bosques viver de livre vontade. Para sugar todo o Tutano da Vida. Para aniquilar tudo o que não era vida e para quando morrer, não Descobrir que não vivi."
(Henry Thoreau - Inspiração Sociedade dos Poetas Mortos)


O que realmente preciso agora é ir lá, andar, reconhecer.


[Primeiro Andar - Los Hermanos]



Destino ou mudança

Hoje, quando eu acordei com falta de ar por volta das cinco da manhã, tinha uma mariposa estacionada na cabeceira da minha cama. Estranhei ela aparecer assim... Fiquei observando. Costumo dormir no lado contrário da cama nas vezes que tenho insônia, então ela ficou de frente pra mim.

Mariposas também são borboletas? São.
Parecem ser borboletas sofridas, ou com sonhos obscuros, talvez, como suas cores.
Será que foi por falta de fé que ela não buscou o colorido? Ou ela simplesmente não gosta dele?
Eu sei é que não quero ser como uma mariposa.
Só que por outro lado, penso que ela não tem culpa, uma vez que, se pensa em destino.
Eu costumava acreditar em destino até descobrir que acreditar na mudança, as que temos capacidade de buscar, é essencial. Espera aí! Destino combina com mudanças?

A mariposa tem as suas qualidades. Não vamos esquecer que ela já foi lagarta também.
Deve ser mesmo que o sonho dela era outro, algo mais interno. Assim suas cores são as interiores!
Quer saber? Ser mariposa não me parece mais ruim. Quero ser como ela.

E sendo destino ou mudança, eu continuo acreditando!

domingo, 8 de agosto de 2010

Acredite também.

Ela passou dias em busca dos alimentos que lhe fortaleciam e nada mais.
Vez ou outra trocava suas roupas velhas, afinal de contas estava crescendo aos pouquinhos, eram cascas que não lhe serviam mais. Mas não se engane, ela entendia sim que crescer por dentro ainda seria de importância maior que crescer apenas de tamanho.
Era feia, não ligava nem um pouco pra isso. Iria ser linda logo mais!
De cabeça baixa, andava se rastejando e nunca olhava para o céu. Alias, ver as cores do céu era seu sonho, e sonhar era só o que ela podia fazer.
Ela sabia que um dia teria todas aquelas cores para ela, acreditava e por isso teria.
Você deve se perguntar por que ela não corria atrás do sonho, porque não se levantava e olhava pra cima logo de uma vez. A resposta é simples e sábia: havia um momento certo.
Ela continuava. Alimentava-se, mudava as roupas quando via que era preciso e, de cabeça baixa, acreditava nas cores.


Um dia ela sentiu que deveria se guardar, a vida lá fora já não fazia sentido e uma mudança estava por acontecer.
Sua paciência e fé, apesar das circunstâncias, valeriam a pena?
Ela chegou a fraquejar sim, é normal que todos tenham um instante assim. Contudo ela não permitiu que isso chegasse a dominar seus sentidos.
Procurou um lugar seguro.
Sozinha, presa num espaço bastante apertado, mais apertado que suas roupas quando precisavam ser trocadas, ela permaneceu por um longo período.
Não se sabe ao certo o que aconteceu lá dentro, só que ela estava escondida por que era preciso ter um momento dela.
Por que ela tinha de se isolar daquele modo? Pra mudar, talvez? Nem ela sabia, mas sentia.
Lá ela teve sua coragem posta à prova.
Conseguiria sobreviver tendo mudanças acontecendo tão intensamente?
Ela acreditava o bastante para sobriver.
Toda transformação costuma ser dolorosa e devagar, ela estava passando por isso e só tinha que esperar, esperar e esperar...
O dia chegou.
Aquilo que prendia a pequenina corajosa começou a ceder. Ela descobriu que era a hora da luta para se livrar daquela que seria a sua última casca. Força, garota, FORÇA!
Ela foi forte e finalmente saiu daquele aperto.
Liberdade! Essa foi a primeira sensação. Depois, cores. O sonho foi realizado.


Seu corpo agora era leve, ereto e até colorido. Ela já podia olhar para o céu e até mais, podia voar nele! Ela nem imaginava que poderia voar um dia, mas criou asas para isso. Sua espera junto com o poder de acreditar trouxe mais que seu sonho.
O mundo agora era todo dela.
E ninguém pode dizer que ela não foi em busca do sonho. Ela esperou, mas sua espera foi o melhor já que ela tinha consciência de que não podia atropelar o tempo. Lembra do velho ditado "a pressa é inimiga da perfeição"? Pois bem, ela fez o que lhe caberia no tempo certo. Quando teve que mudar, ela mudou.
Dali em diante ela só teria uma média de três meses de vida. Mas isso não a preocupava. Ela saiu pelo mundo voando e aproveitando cada dia. Agarrou cada possibilidade de descobrir uma nova cor até o fim da sua vida.
Fique certo de que ela jamais teria conhecido a imensidão azul se não tivesse acreditado, primeiro em si e depois no sonho. Se nós tivermos essa força, poderemos alcançar o que vai além do que esperamos, como foi com ela que ganhou asas para ter as cores que queria ver.


Assim como a lagarta, nós vivemos por metamórfoses. Acreditemos.
Quando borboleta, lembre-se do casulo e das cascas deixadas para trás, e viva!
Viva cada dia por menor que possa parecer seu tempo nele. O tempo é amigo.

Sejamos borboletas!

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Faz frio.


"Frágil – você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora. Para que o protejam, para que sintam falta. Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço. Um dia mandará um cartão-postal de algum lugar improvável. Bali, Madagascar, Sumatra. Escreverá: penso em você. Deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse. Você se comove com o que não acontece, você sente frio e medo. Parado atrás da vidraça, olhando a chuva que, aos poucos começa a passar."

(Caio Fernando Abreu)


Hei de acreditar um pouco mais na vida de agora, fazer o frio passar.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Ser completamente idiota...

"Vence quem passa por essa vida rindo. E se o preço que se paga por ser um pouco feliz é ser um pouco idiota, dane-se."

(Tati Bernardi)



...e ser completamente feliz?

Volta e meia sou uma, e é justamente quando coloco
a mente e o corpo pra rir juntos.

domingo, 1 de agosto de 2010

Desgostar do desgosto

Todo mês de agosto é igual, quando tá começando alguém já diz: “Agosto mês do desgosto!” Hoje no almoço foi minha avó quem falou a frase infeliz. Logo, fiquei matutando com isso. Agosto, desgosto, agosto...
Corri pro Google! Descobri que não é só um trocadilho, como já desconfiava, e tem toda uma história justificando. Primeiro, o nome do mês foi dado pelos Romanos, homenageando o Imperador Augusto no momento em que ele estava realizando suas melhores conquistas. Mas, o que tem de azar nisso? Até aí nada. A crença se espalhou quando as mulheres portuguesas que se casavam em agosto ficavam solitárias e até viúvas, pois era a época que os navios das expedições zarpavam à procura de terras. Assim, o mês começou a atrair diversas superstições. Inclusive, na matéria do site que eu encontrei essas informações, tem até uma lista de catástrofes ocorridas em agosto.
Bom, até hoje saem por aí falando que agosto é azarento, sem nem entender o porquê, e pondo a culpa de tudo no pobre do mês. Tão engraçado quanto os ditados populares é notar como as pessoas se deixam influenciar, fazem crendices de cada bobagem.
Me desculpa se você dá crédito a coisas desse tipo, mas é que hoje eu acordei tão otimista que to achando tudo bobagem! Estou querendo fazer de agosto um ‘a gosto’ de tudo de bom que o dia após dia pode me proporcionar.


"Nada dessa cica de palavra triste em mim na boca
Travo, trava mãe e papai, alma buena, dicha louca
Neca desse sono de nunca jamais nem never more
Sim, dizer que sim pra Cilu, pra Dedé, pra Dadi e Dó
Crista do desejo o destino deslinda-se em beleza:
Outras palavras!"
(Caetano Veloso)