domingo, 3 de outubro de 2010

Do lado de dentro


  O tempo tem tomado papel proporcional também com meu modo de ver as pessoas ao meu redor, a medida que ele passa, minha insegurança aumenta. Não dispenso ter amigos por perto, mas me assusto um bocado quando vejo que, efetivamente, estou só. Por conta disso, tenho me apegado a mim mesma de tal forma que fico inóspita ao lado de fora.
  Penso em nunca mais arriscar por ninguém, nunca mais confiar em ninguém e nunca mais ser alguém pra ninguém. Mas só penso! O nunca mais é ilusório demais, e de ilusão eu vivo bem pouco. O que acontece mesmo é que recordar certas decepções me deixa um tanto quanto desperançosa como todo mundo. Sei que parece exagero ou muito plural, só que to sentindo uma canseira generalizada, sabe? O velho hábito de esperar o bem das pessoas detonou comigo.
  Bom, até que essa solidão interna não é lá tão ruim. Saber que posso contar sempre comigo é mais confortante e seguro, parece indolor (ou de dor menor). Se eu fracassar, serei eu a responsável, e acredito que a decepção não será tão grande. Não quero mais ter que me culpar por culpar alguém de ter esquecido de usar a lealdade comigo. Esse esquecimento me parece frequente demais pra tanta culpa, então é a lealdade que não existe, deixa isso pra lá.
  Levando em consideração que o tempo varia de rota, muda nossas concepções e dá uma de curandeiro, quem sabe tudo isso também não passa junto com ele?!

5 comentários:

Isabelle M. disse...

Me identifiquei muito com o que você escreveu. Sinto tudo igual a você, e do fundo do coração, espero que o tempo leve tudo isso com ele! :)

Beijos

Mari. disse...

Deixe o tempo... Às vezes ele se encarrega do que nós não conseguimos.

Bj.

Unknown disse...

amei esse texto.

e a gente gosta, quando se identifica né?
é como disse a Isabelle, que comentou acima.
também espero que p tempo leve embora meus medos, minha insegurança, minha ansiedade. e trata pra mim (AGORA) todas as alegrias e todos os suspiros.
:)

Anônimo disse...

entendo você

a gente busca por proteção. tem horas que gosto de vestir minha armadura rs

bjs

Mar disse...

Tamara,
bem, aqui estamos nós lendo esse texto profundo, complexo, que trata de temas fundamentais da História que costumam interligar-se: a (falta de) lealdade, a solidão e a introspecção. A tal falta de lealdade é narrada na história que trata do começo do mundo, ocasionando um assassinato traiçoeiro entre irmãos. Mas a lealdade é mais antiga quanto a falta dela, e produz muito mais frutos. O conceito de deslealdade justamente veio à existência por ser comum a lealdade, e esperar-se por ela. Nenhuma revolta teríamos com a deslealdade se ela fosse comum. Aí, o que aconteceria seria lhe darmos os ombros, quando ocorresse, e fazermos tremenda festa quando alguém fosse leal. Acontece ao contrário: damos os ombros a quem é leal (e há milhares de anônimos leais ao nosso redor) e fazemos tremendo velório por uma deslealdade, na verdade lamentando alguém que não merece nosso lamento, justamente porque normalmente é o de pior caráter entre os que conhecemos...
Há três segredos para viver com a (falta de) lealdade), e nenhum deles é fugir para dentro da toca, onde não somos traídos, é verdade, mas também não vivemos... Tempo não foi feito para curar, foi feito para viver. Vivendo, nós somos curados.
1 – Não crer demais. 2 – Mas crer. 3 – Valorizar aqueles que são fiéis, recorrendo a eles, sempre que apareçam desleais para nos entristecer.
Beijo carinhoso
Lello

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